segunda-feira, 17 de junho de 2013

Acabaram com a Minha Copa das Confederações...

Desde criança amo o futebol, e não por imposição ou influência de alguém na minha família, não sei até hoje qual era o time do meu pai, que morreu cedo e, minha mãe, detestava o futebol, eu gostava de achar que era Lusa, por ser portuguesa. E assim, na minha pequena família, de repente me vi palmeirense e meu irmão corintiano, tínhamos de ser antagônicos. E o que eu mais apreciava no futebol era jogar... Na Rua Carlos de Souza Nazareth, em pleno centro da cidade, no trecho transversal a Avenida Mercúrio onde esta tem a entrada do mercado municipal. Era o ano de 1976, a rua era intransitável, repleta de caminhões que vinham abastecer o Mercado Municipal e os depósitos das adjacências, mas tudo desaparecia sábado à tarde e domingo, quando os trabalhadores fechavam as portas e iam à busca do merecido descanso. Era o sinal da invasão, a rua era nossa e, com duas pedras de cada lado, o jogo começava, sobre a rua asfaltada. A bola era a que tinha, e rolava até furar; uniformes? Calções ou bermudas velhas, uns jogavam de chinelo mesmo e a “conga” era o que predominava... O gosto ficou e hoje em dia sou goleiro num time veterano, pago para jogar, junto com amigos que toda quinta feira não deixa a bola parar de rolar, alguns com mais de 60 anos, torcedores dos quatro grandes times de São Paulo, conseguindo conviver harmonicamente e sem deixar a gozação de lado, em momento nenhum, se o meu Palmeiras perde para o Corinthians, o leitão a pururuca é garantido na quinta feira, ainda bem que sou “pseudo-vegetariano” e tenho a desculpa de não maltratar o porquinho quando meu time foi maltratado pelo adversário. Cito tudo isto para mostrar a minha magia pelo futebol, ouço eventualmente o Juca Kfouri na CBN, ou o “Na Geral” da Bandeirantes, além de diversos jogos na televisão... Tudo isto relato para dizer no dia do início da Copa das Confederações, estreia do Brasil, Neymar em campo, expectativa para conhecer como o time do Felipão, meu técnico preferido até hoje, desde os títulos do Palmeiras, se comportaria diante dos adversários europeus; no entanto, algo estava estranho, meu filhos saíram, minha esposa idem, sozinho em casa, nada para fazer aguardando apenas o show do Frejat no SESC Belenzinho a noite, enrolando assistindo no computador o último episódio da primeira temporada de “The Tudors” na maior monotonia e, o horário foi chegando, mas desliguei o computador e dormi... Faltava alguma graça. Nenhum barulho me acordou, e pode até ter havido, acordei às 18h20min com minha filha super apressada chegando e cobrando que tínhamos o show do Frejat, abri o notebook e só vi a notícia: “Brasil ganha com golaço de Neymar” e, no entanto não sabia o placar. Só no SESC é que eu descobri com amigos que aguardavam o show que o jogo foi 3 X 0, placar que ouvi sem grande empolgação, mas então começaram a relatar como a Dilma e o Joseph Platt foi vaiado, e comecei a me animar... E perceber que o desânimo que tomava conta de mim eram os protestos em todo o Brasil a indignação desde momento que a presidente ousou dizer que os “pessimistas de plantão” teriam de se calar durante a inauguração de um estádio superfaturado. Lembrei-me das mortes consideradas inicialmente “irrelevantes” durante a virada cultural em São Paulo, da morte do Victor Hugo Deppman que afetou diretamente membros de minha família, do tiro que eu mesmo tomei nas pernas numa tentativa de assalto e do nada se fez a respeito, senti o cheiro dos seres humanos queimados vivos nas últimas semanas mostrando a inexistência de uma política de segurança no Brasil, os arrastões em restaurantes, a minha indignação diante do vice-presidente Temer que só aparece no noticiário para dizer que é contra a redução da maioridade penal ou quando é citado em escândalos, Do presidente do senado que ninguém quer mas ninguém tira, dos mensaleiros condenados mas lindos, leves e soltos... E a gota d’água foi lembrar que a CBF ora pertencia a Ricardo Teixeira e agora esta nas mão do Marin, figura denunciada pela imprensa como ladrão de medalhas e responsável direto pela morte de um pacifista como o Vladimir Herzog. E claro que a figurinha estava lá, do lado da Dilma, calado, mas estava... E sobrou para presidente ficar com cara de tacho, ao invés de ficar calada ou ter fugido da inauguração da competição, todo mundo sabe que ela não gosta de futebol, lá estava ela mais uma vez abrindo a boca para falar a sua política vazia e ganhar a maior vaia, muito maior do que o seu padrinho político ganhou nas olimpíadas, como assisti várias vezes depois. E, mostrando desconhecimento completo, o suíço Joseph Blatter pede “fair play”, como se não soubesse que os estádios brasileiros foram extremamente super faturados e a indignação nacional estava ficando fora de controle. Então percebi que perdi a minha grande diversão, o Brasil já perdeu por falta de dignidade antecipadamente mostrando ser incapaz de fazer um evento limpo e transparente... Não dá mais para engolir. Gostaria de mudar de ideia, mas hoje o Sr. Blatter fez um discurso mais tolo ainda, e o Brasil inteiro sai em passeata mostrando sua tolice. Enquanto tentam nos mostrar que ganhamos do Japão a internet mostrava claramente que fomos goleados, a dignidade política japonesa deu um show; enquanto nós deixamos a míngua os deserdados das chuvas nas serras cariocas até hoje, eles resgataram o país inteiro de um tsunami em poucos meses. O próximo jogo é com o México, que tem ampla vantagem, pois com o forte investimento em educação, esta fazendo com que a nova juventude lá estabelecida não sonhe mais em atravessar a fronteira para os Estados Unidos, mas que vivam dignamente em seu próprio país; já aqui no Brasil... a presidente viu que ela não existia durante seu ridículo discurso de abertura. Ainda bem que tenho mais três temporadas do “The Tudors” para assistir... me dou o direito de continuar participando do meu bolão do Brasileirão série A, mas com o coração no meu Palmeiras da série B... E jogando no Real-Matismo, um time que tem muito a ensinar sobre lisura e honestidade, pois lá eu sou o tesoureiro e eu não roubo...

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