quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Pedro Simon e João Hélio (O Político e a Vítima)

28/02/2008 – Revolta ao ler o Discurso do Senador Pedro Simon sobre João Hélio

Dia 28 de fevereiro de 2007 eu estava fazendo um curso em período integral, eu sempre pego no pé dos meus alunos que ficam navegando na internet durante os cursos, distraindo-se do objetivo principal da aula, no entanto, naquele dia, eu fui obrigado a deixar um e-mail (Não o MSN) ligado para que problemas urgentes da minha empresa pudessem me ser comunicados...

E durante uma aula, surgiu a carta de Pedro Simon, e poderia ser de qualquer outro político brasileiro, isto me causou indignação, me transmitiu falsa de moral e pura demagogia...

E... em minutos, mandei uma carta para o Senador, que nunca respondeu é claro, como todo bom político, eles montam sites com os nossos recursos, tem centenas de assessores e, são incapazes de responder nossas críticas... nem para dizer que somos inconvenientes ou idiotas... basta nos ignorar...

Atenção aos erros de português, afinal é uma missiva feita em poucos minutos, sem revisão ou correção...

Minha Resposta ao Senador... Ficou muito tempo no meu Orkut... enviei várias vezes para ele... e nada...

Que beleza!!!

Que bela carta, pena que tenha sido escrita por um político... dou aula de lógica, e por isso, sei que se um objeto é um político brasileiro, como tal, vive muito bem financeiramente, sem exceção, e legislam em causa própria, pouco se importando com a sociedade brasileira... Afinal, é isto que se aprende ao ingressar na carreira política, este é o jogo.

O político Pedro Simon pergunta por que razão Deus não desatou o cinto... Ora, Deus deu ao Homem inteligência e livre arbítrio, ou seja, cabe a nós, seres humanos, zelar por uma sociedade que previna este tipo de coisas...

O cinto não precisaria ser desatado se os políticos não legislassem em causa própria apenas, e se com seu corporativismo permitissem que o estado tivesse recursos para manter os serviços essencial, e não apenas para mal pagar as folhas de pagamento e os benefícios de seus apadrinhados políticos. De outro lado, a sociedade também é culpada por se deixar levar por este jogo, ou seja, por permitir que tantos objetos políticos vivam no Brasil e mantenham seus cargos, eleição após eleição.

Esta carta, se escrita por um poeta, um teólogo, um filósofo... levaria a reflexão; mas, escrita por um político, vira pura demagogia...

Leiam a carta e reflitam... ELE mesmo não poderia ter tentado desatar o cinto ? NÓS não poderíamos indicar pessoas na políticas que estivessem a fim de desatar o cinto ? Reflitam... João Hélio merece no mínimo um pouco de reflexão...

Pandiá Anderaos...

Discurso Original do Senador Pedro Simon... Para ler e se comover, como eu me comovi !

CARTA ABERTA PARA ROSA CRISTINA
Mãe, Conheço o tamanho da tua dor, que é a mesma do Élson e da Aline. Para mim, é, também, uma dor vivida. A perda de um filho é, sem dúvida, o maior de todos os sofrimentos. Por que tamanha provação? Versões contemporâneas de Abraão? "Tome seu filho, o seu único filho Isaac, a quem você ama, vá à terra de Moriá e ofereça-o, aí, em holocausto, sobre uma montanha que eu vou lhe mostrar". Por que, então, o anjo de Javé não te ajudou a desatar aquela simples fivela, de um cinto dito de segurança, que permitiria devolver aos teus braços de mãe, o pequeno João Hélio, o Isaac dos nossos tempos, para que ele permanecesse entre nós, dividindo e multiplicando sua alegria de vida? "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?"
É nestes momentos que nos sentimos ínfimos, diante dos desígnios do Criador. Pior: é, também, nestes mesmos momentos que sabemos o quanto a humanidade se distanciou da Sua obra. Disseste, "eles não têm coração". Eles têm! É que nós utilizamos os dons que nos são ungidos e criamos, como novos deuses, a inteligência artificial, enquanto desdenhamos os sentimentos mais sublimes e naturais, aqueles que brotam, somente e semente, em corações fertilizados pelo amor e pela fraternidade. Ao contrário, permitimos que florescesse, em muitos corações, nas favelas e nos palácios, a barbárie. No Rio de Janeiro, em São Paulo, em Brasília, em Washington ou em Bagdá. É a humanidade, enquanto gênero humano, que se distancia dos seus próprios conceitos de benevolência, de clemência e de compaixão.
Que tuas lágrimas não se percam, apenas, nos índices de audiência e nos discursos de conveniência. Ao contrário, que elas mobilizem corações e mentes para a reconstrução dos valores que perdemos nessa travessia terrena. Em outros tempos, não tão distantes, os valores morais e culturais se construíam sobre o tripé família, escola e igreja. Hoje, a família foi dilacerada. A escola, sucateada. A igreja, excomungada. No lugar, um novo, e perverso, tripé: a droga, a rua e a arma. A droga, como estímulo. A rua, como palco. A arma, como poder.
Ainda naqueles outros tempos, as famílias se reuniam para contar, e para trocar, suas histórias de vida. Era um grande círculo de amizade e fraternidade. Família, escola e igreja, ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Respeito, aprendizado e bênção. Pais heróis. Hoje, o círculo familiar deu lugar a um semicírculo vicioso. No centro, a TV, e os novos heróis são aqueles que mais atiram, que mais batem, que mais matam. É a arte imitando a vida. Ou incentivando a morte. Ou vice-versa.
Vim, vi e envelheci. Mas, por mais que possam tentar tripudiar o meu discurso e a minha prática, porque, dizem, obsoletos, não mudei. Continuo vivendo os valores que herdei. Da família, da escola e da igreja. Para mim, não há diferença, na dor, entre o favelado que puxa o gatilho nas esquinas e o dirigente que manda despejar mísseis sobre cidades inteiras. Quantas serão as mães de Bagdá, que choram a morte de seus pequenos inocentes, meninos da guerra, trucidados em nome do poder e da ganância. Pior: "em nome de Deus". São, todos, bárbaros, cruéis, desumanos.
É essa a minha luta: resgatar o verdadeiro sentido de humanidade. Que os homens retomem o projeto do Criador. Onde reina a barbárie, de nada vão adiantar novas leis que não se cumprem; novas punições, que servirão, tão somente, para alimentar a impunidade. Há que se ressuscitar as letras mortas. E, isso se faz, somente, com o grito estridente das ruas.
Como bem disseste, o teu filho não pode ser mais um número nas estatísticas da violência. Como em outros casos tão recentes, temo que a tua imolação seja esquecida, quando a comoção dobrar a esquina. Talvez, a mesma esquina em que foste abordada, tão covardemente. Mas, a tua dor, não. Nunca mais. A dor por um filho é eterna. Ela nos acompanha, até que o encontremos, de novo, em outra dimensão. Por isso, as tuas lágrimas têm que irrigar a indignação, que hoje toma conta de estádios, de ruas e de lares. Das famílias, das escolas e das igrejas. Quem sabe o sacrifício do teu filho signifique o renascimento do tripé que suporta outros valores, que não a barbárie.
Somos parceiros, nessa dor. Em tempo: quando conversares com o João Hélio, nos teus sonhos de mãe, diga-lhe que um menino alegre, feliz, bonito e inteligente como ele irá procurá-lo, entre todos os anjos. Diga-lhe que eles têm muito em comum na inocência de criança. Ele partiu há alguns anos, mas, nas minhas mais belas lembranças, continua o mesmo guri que me encantava a alma. Também partiu precoce, como todas as vítimas de algum tipo de violência. Diga-lhe que esse guri se chama Matheus. Eu já conversei com ele, nos meus sonhos de pai.
Um abraço fraterno,
Senador Pedro Simon

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Quem Matou Meu Pai e Minha Mãe?

Este texto foi divulgado em 2005 e continha um desabafo sobre duas tentativas de assassinato... quem diria que a um mês atrás finalmente eu tenha sido atingido por um tiro !!!

O Senhor Alckmin, como todo bom político, nunca respondeu... apesar de inúmeros envios de e-mails ao palácio do governo na época e uma série de discussões no Orkut... Hoje ele alegremente é candidato a prefeito de minha cidade... e mostra como vai mudar a vida da minha família e me pede o meu voto... Assim funciona a política no Brasil...

Vale comentar que a polícia, até hoje, não apurou o caso, o BO foi transferido da delegacia da Vila Matilde para Vila Alpina por excesso de serviço e, anos depois, apesar da existência do registro do carro acidentado, que não era frio... nada se apurou... e quando publicam que 95% dos B.O. não são resolvidos os políticos constestam que não é bem assim...

Pandiá

*** O texto original... de março de 2005 ***

Perdoem-me por fazer este desabafo, talvez seja apenas mais um spam, no entanto eu prometi que o faria desde o ano passado (2004), quando quase levei um tiro na cabeça, ao fugir de um aparente seqüestro relâmpago ou roubo a carro... não sei ao certo, a polícia nunca conseguir me dar uma resposta...
Pois bem, quase morro antes de cumprir esta promessa pois, sexta feira, 14 de março de 2005, na cidade de São Paulo, ao chegar em minha residência, vejo que minha residência estava sendo furtada por três elementos... com o susto, a conclusão foi que perdi o controle do meu carro e bati acidentalmente contra o carro ocupado pelos assaltantes, o que deixou eu e minha esposa expostos a uma execução, uns tirinhos e estaríamos mortos, e o Estado ganharia dois órfãos, de 5 e 7 anos, que certamente seriam muito bem aparados, afinal, são cidadãos brasileiros e seus pais contribuinte de impostos !
Para nossa sorte, o pânico gerado, a gritaria dos vizinhos, o susto, e a presença de Deus certamente, fez com que os três fugissem a pé e optassem por não realizar uma execução...
O carro ocupado pelos assaltantes foi abandonado, o meu também ficou temporariamente inutilizado, para minha surpresa, descobrimos que o carro deles era limpo, quer dizer, não havia queixa de crime, apenas um bloqueio no DETRAN, certamente foi vendido e não foi transferido, em resumo, um carro pronto para ter seu licenciamento regularizado a qualquer instante.
E eu pergunto a você, leitor, se os bandidos tivessem me executado... Quem me matou? O que você responderia aos meus filhos se eles lhe perguntassem quem matou os seus pais? Quem? Responda !
Ora, diriam alguns, os bandidos... Justo, afinal eles provocaram a situação...
Ora, diriam outros, a culpa foi do seu pai que não agiu 100% de acordo com o manual de comportamento básico durante assaltos.
Muito bem senhor como por graça divina me foi dado este direito eu cumpro a minha promessa e respondo claramente esta pergunta:
- Quem quase me matou, por imperícia ou imprudência no manuseio de verbas, foi o Senhor Governador do Estado de São Paulo...
E, senhor governador, antes de expedir uma ordem de prisão por calúnia ou difamação... Reflita:
- A polícia estadual é de sua alçada... Estarei enganado? Se quiser argumentar que não dá para melhorar esta situação, alerte os eleitores ignorantes como eu durante a campanha, assim não fico revoltado contra sua administração e saberei que existe interesses muito mais relevantes do que a minha existência e a de meus amigos. Por favor, não me mostre uma série de estatísticas, pois, me perdoe, mas eu vou duvidar dos seus números... Eu sou muito ignorante, sabe... A única coisa que eu tenho certeza é que os números mostram que não existe mais nenhum, note bem, nenhum seqüestro relâmpago em São Paulo... Parabéns pelos 100% de eficiência, mas, em agosto de 2004 eu tive a amiga de minha esposa, Simone Siqueira Ramos assassinada em um farol, deixou um filho de 7 anos e, dia 05 de março de 2005 fui gratificado com a morte a tiros de Gilvan Domingos da Silva, este deixou esposa e três filhos... É Senhor Governador, será difícil seu números me agradarem, o Senhor Concorda que eu tenho um dever cívico de protestar contra o seu "trabalho”?
Imagino, apenas imagino que estou pagando todos os impostos que devo ao estado, ao município e a federação; imagino apenas, pois para mim são tantos que tenho até medo de confundir e estar irregular.
O carro sinistrado está devidamente licenciado, o IPVA e seguro obrigatório totalmente pago, mas, estranhamente, o que me alivia um pouco é que tenho um seguro particular da Itaú Seguros, não sei porquê, a iniciativa privada parece mais confiável...
Minha casa está com os impostos recolhidos, mas, não sei porquê, o que me alivia um pouco é o fato do seguro residencial ser da Marítima seguros...
Senhor governador:
A polícia veio, o capitão da região foi super atencioso, seus policiais também, mas, naquela noite eu senti muita falta de recursos, senti que o salário da polícia não é legal, vi que não havia um guincho disponível para auxiliá-los a levar o carro que estava com os assaltantes; e conversa vem e conversa vai, da delegacia até o efetivo militar, só ouvi descontentamento e queixas, é, estou pagando muito pouco imposto, minha obrigação era ter uma segurança privada para não atrapalhar o estado.
Até o momento, ninguém sabe o que aconteceu com meus amigos mortos, meu incidente de 2004 também não se pode apurar nada, e agora? Será possível que um carro limpo, sem queixa de roubo não tenha dono? É possível o estado não consiga localizar e controlar a posse de um carro já que pagamos tantos impostos no Detran Estadual ? Lembra-se: IPVA, seguro obrigatório... Tudo isto é insuficiente para se apurar o que houve?
Em 2004 me lembro como se fosse hoje que o site da polícia estadual mostrava um gráfico reluzente com o declínio o roubo a carro em São Paulo, fiquei comovido...
Venha pesquisar em meu bairro as ocorrências de assalto a veículos e residência que ocorreram. Depois divulgue orgulhoso mostrando que o meu caso foi um caso isolado e único, está todo mundo muito contente com o seu desempenho... Use os filmes nas campanhas eleitorais...
Desculpe senhor governador, não posso mais votar no senhor, gostaria de encontrá-lo frente a frente para mostrar aos meus filhos como é grande e difícil a responsabilidade de governar um estado, demonstrar que manuseio errado de verbas pode matar pessoas... Mas, certamente, isto não ocorrerá, há muitas coisas mais importantes para fazer do que se dignar a responder o meu lamento...
E, a vocês, amigos, alunos, clientes, meu pedido é que:
Cuidemos nós de nosso país, aporrinhemos a incompetência, vamos ridicularizar os maus governantes, vocês já perceberam que nunca ninguém é responsável por nada neste país? No entanto, experimente Homens de bem, cometer um deslize no trânsito e veja como uma multa lhe é atribuída pelo seu erro, sem perdão...
A iniciativa privada tem de fazer a sua parte, para ensinar o governo, isto vale para minhas seguradoras, cumpram seus contratos sem falcatruas, recolham todos os impostos de todo o trabalho que forem executados porquê eu, de minha parte, vou continuar gritando enquanto puder respirar. Vou até fazer um enquete, Estado de São Paulo, Itaú Seguros ou Marítima Seguros, quem me serve melhor? Eu transmito o resultado se continuar vivo até lá...
Vizinhos, amigos fraternizemo-nos, o capitão da polícia me lembrou que sempre que houver suspeita de qualquer coisa pode ligar para 190, não há problema se houver engano, vidas são perdidas pelo medo de se pagar um mico... vale a pena o mico para tentar salvar uma vida, estamos num estado de guerra civil...
Senhores Políticos:
Estou cansado de vocês... Seria possível vocês trabalhem e tentar fazer a sua parte? Só sinto eficiência na sua classe para atacar e ridicularizar os que os criticam... E, fica aqui o meu relato, em apenas 15 minutos exerço meu direito constitucional de
protestar, e assino em baixo e me identifico para que os políticos possam rir de suas façanhas...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Obrigado Governador... Teus Mortos Vos Saúdam !!!




Um tiro, 10 segundos, minha vida se esvai...

10 segundos, a bala atravessou a minha perna direita e atingiu a esquerda, um tiro só... Eu estava abrindo a porta de casa, de costas para o portão, dentro da garagem com o portão já trancado, uma forte escuridão, o dia ainda não tinha clareado e... Fui jogado no chão, é engraçado como a gente simplesmente vai para o chão, meu joelho raspa a quina da parede e é cortado; senti uma forte sensação de queimadura em ambas as pernas e elas ficaram molhadas, vermelhas, era o meu sangue esvaindo, levando minha vida embora... Minha única reação foi gritar, gritar muito mais alto do que a dor que eu realmente sentia, não havia outra coisa a fazer, eu estava no chão, impotente, de costas, sem saber ao menos o motivo pelo qual o menino atirou ou que ele pensava naquele momento... E parece que foi o certo... O menino correu de susto, sabe-se lá... Talvez o receio do barulho que eu provoquei o afastou, era tudo o que eu precisava naquele momento, ele tinha o poder de distribuir quantos tiros mais quisesse e garantir o fim desta minha existência, quem lhe deu este poder? Quem permitiu que nossa sociedade se tornasse este caos? E se ele atirasse, de que adiantaria? Uma pessoa morta ou ferida como eu estava naquele momento não poderia abrir um portão fechado para dar a ele o carro que ele não pediu, ou jogar a carteira ou sabe-se lá o que ele queria, talvez tenha sido melhor assim, se ele quisesse realmente entrar em casa e me obrigar a abrir o portão, com duas crianças sozinhas dentro de casa, eu deveria abrir? O que ele poderia querer fazer? Valeria à pena arriscar a vida dos meus filhos em troca da leve possibilidade de poupar a minha? Seria uma “Escolha de Sofia”? Melhor assim, eu sangrando no chão, ele em disparada, mas meus filhos sem correr risco de morte...
Afastado o perigo, uma nova preocupação, meus filhos teriam acordado? Eram 05h45min da manhã e, apesar do sangue perdido, não podia desmaiar, não naquela situação, como iria abrir a porta de casa? A fechadura estava tão alta para mim, dezenas de metros acima do normal, e minha chave estava lá, travando tudo, nem as crianças teriam como abrir por dentro. E pensar que esta foi à primeira vez que eu e minha esposa resolvemos deixar as crianças sozinhas em casa, seria menos de uma hora, nós os orientamos no dia anterior, eles estão crescendo, um dia isto teria que acontecer... Eles tinham de adquirir a malícia e independência que todo mundo precisa, era por menos de uma hora, o tempo de levar minha esposa até o Hospital das Clínicas e voltar, bem, eu voltei, e agora? E se eles se levantassem com o barulho e vissem o pai da janela jogado no chão, desmaiado, morto, no quintal de casa, sem condições de abrir a porta? E o trauma? E o pânico? Conseguiriam ligar para alguém? A cabeça de pai sempre quer proteger os filhos da realidade do seu mundo, do seu país, tão rico, com tanto potencial, porém, com uma classe política medíocre que vive nos proporcionando estes espetáculos...

“Muita corrupção e pouca vontade política, os males do Brasil são”
Enquanto os políticos dormem tranqüilos em suas casas, com sua família, protegidos de todos os males com a segurança de primeira linha paga por nós, contribuintes; eu estava morrendo no quintal de minha casa, por falha da “Política de Segurança Pública do Governo Estadual”. Todo o meu trabalho, o dinheiro de meus impostos, pagos direta ou indiretamente para o Município, para o Estado, para a Federação... todos aqueles recursos destinado a um governo que não existe, que não assume o seu papel e não faz seu dever de casa básico...
Esse dinheiro, em minhas mãos, geraria mais de segurança porque eu administraria melhor, pelo menos, não sofreria desvios, e, caso contrário, eu estaria pagando por um erro de incompetência minha, mas... O que se faz com o dinheiro dos impostos no Brasil? A imprensa vive mostrando que ele é usado apenas para manter em dia os altos salários e despesas dos políticos, pagos religiosamente em dia, suas sobras são mal investidas nas obrigações superfaturadas do governo, a burocracia e corrupção tomam conta de outra boa parte... Como esse dinheiro me fez falta naquele momento... eu teria comprado minha própria segurança particular, da mesma forma que tenho de pagar o estudo particular dos meus filhos e a saúde particular da minha família... Que absurdo o desamparo de um país que nega aos seus cidadãos o direito de viver dignamente... deixando-nos morrer desamparado...
Mas eu não estava tão desamparado assim, uma força maior veio em meu socorro, os políticos não acreditam nele, os criminosos não o temem, porém, ele estava lá... Deus. Eu contava com Deus... E isto os incompetentes políticos não podem nos tirar, aquele não era o meu momento de partir, percebi isto dentro de mim... Há muitas outras coisas a fazer, e este desabafo é uma delas, este é um compromisso que Deus me lembrou naquele momento, deverei viver para mostrar a indignação com a situação que vivemos nesta cidade de São Paulo. Levantei, ignorei a falta de sensação nas pernas, abri a fechadura, entrei na sala, fechei a porta, tranquei, fui até o meio da sala, em frente ao quarto das crianças e me dei conta que não podia andar... Fui de novo para o chão, vi as crianças, acordadas e assustadas, correrem em minha direção e perguntarem:
- O que esta acontecendo?
- Não é nada, o papai só tomou um tiro, a gente vai ter de ligar para o resgate e avisar a vovó, vem uma ambulância e eu vou para o Hospital para ficar bom...
Choro, início de desespero, eu tinha de contornar a situação:
- Calma, foi só um tiro, vamos avisar a vovó antes que eu desmaie, pega o telefone pro papai.
E eu ligo, número errado, a telefônica mudou todos os números do bairro que começavam com seis, ligo de novo, aviso minha sogra, digo que levei um tiro, peço para ligar para o resgate, eu vou ligar também, vou ligar para o meu irmão... Minha esposa não sabe por que esta no Hospital das clínicas, aliás, é bom que nem saiba...

Relembrando 2005, a imperícia da política Alckmin...
14 de março de 2005, eu havia responsabilizado o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin pela minha suposta morte num protesto que enviei aos “quatro cantos do mundo”, inclusive a todos os endereços eletrônicos do sítio do Governo Estadual que estavam disponíveis na internet. Ladrões estavam roubando a minha casa quando, ao chegar, eu e minha esposa, na confusão da fuga, quase morremos, o carro deles ficou batido junto com o meu na porta de casa, era um veículo normal, com registro no departamento de trânsito e limpo, segundo o linguajar policial, no entanto nada foi apurado ou concluído. É o que se chama “Política de Segurança”, que tempos depois os políticos vêm mostrar alegremente em suas campanhas, tudo esta sob controle...
Para quem lembra, pois brasileiro tem memória curtíssima, Alckmin foi um ex-candidato a presidente que foi derrotado, carinhosamente apelidado de “Picolé de Chuchu” na coluna do “Macaco Simão” na Folha de São Paulo, ele nunca respondeu meu protesto, nem para dizer que eu era maluco, na comunidade do Orkut “Geraldo Alckmin” muitas pessoas achavam que tudo o que aconteceu era culpa minha apenas, que o governador do Estado nada tem a ver com segurança, isto é um problema individual de cada um, que eu estava “fulanizando” o problema, etc. Assim funciona a política no Brasil, não questione! Não reclame! Apenas esmole favores... O caso não despertou interesse na imprensa, por ser comum e trivial e foi esquecido, aliás, nunca passou a existir como fato, virou um assunto restrito que eu eventualmente discuto com meus alunos e conhecidos.
As pessoas acham que um político não tem de prestar conta de coisa alguma neste país, e tem razão, estão ai cartões corporativos, nepotismo, mensalões e mensalinhos, a grande festa que, apesar da alegria dos parlamentares pizza após pizza, tem como reflexo a vida de muitas pessoas que se esvaem diante da ausência de políticas básicas, da falta de recursos e falta de vontade política... A única coisa que se consegue pensar é: “Precisamos de um novo imposto para investir em...”

Bem vindo a 2008, meus filhos comemorarão o dia dos Pais no cemitério?
Ah... Mas hoje, 8 de julho de 2008, meu amado e eficiente governador é o senhor Serra; a política de segurança melhorou bastante, São Paulo vive momentos de euforia, vivemos no “melhor dos mundos”, como diria o personagem “Cândido” do livro de Voltaire, satirizando Leibniz... Ou então “Eremildo o Idiota”, personagem das colunas do Estadão... Ou a euforia do “Picolé de Chuchu” da coluna do Simão na folha... as observações do Millor na Veja. A imprensa satiriza, mostra, escreve... Mas os nossos três poderes são incapazes de coibir a incompetência política...
O fato de estar morrendo em casa, naquela manhã, também nada tem a ver com ele, o senhor Serra, minha sala ia se transformando num lindo lago vermelho, será que a veia femoral tinha sido atingida? O nervo Ciático? Talvez algum osso? Voltarei a andar? Serei agora paraplégico se sobreviver? Um eterno manco? Nunca mais jogarei bola com os amigos? Obrigado governador, pelo seu incansável esforço, não esquecerei jamais de você... Obrigado! O Brasil perde um “grande goleiro”, não sou nada humilde, mas, a preocupação de um político é outra: será possível que eu continue pagando impostos? Dá para eu não gastar o dinheiro público em pensão para minha família? Ainda que seja uma miséria, o repasse que uma família recebe no momento das tragédias atrapalha a necessidade financeira dos políticos, terão de aumentar os impostos para cobrir o meu rombo?
“Alô resgate... levei um tiro, Pandiá Anderaos, Cidade Patriarca, São Paulo, pagador de impostos, trabalhador desde os quinze anos, professor durante algumas noites, aluno em outras, gerador de empregos, pai de família, não, não ganho o que se deveria ganhar num país sério, vivo trabalhando, estudando e quebrando a cabeça com inúmeras exigências do governo, são tantas leis inúteis, sim participo da comunidade do bairro em busca da melhoria da qualidade de vida do pessoal, é, tento fazer a minha parte... Sim, sim... eu já:
· Fui enganado pelo Ricardo Berzoini na conversa mole do projeto do “primeiro emprego” que ele falou numa entrevista no Jô...
· Já achei que o PT era um partido sério e até votei em alguns de seus candidatos
· Já amei e odiei o Quércia, em 1974, ainda era criança, fiz campanha para ele, em plena ditadura militar, depois dos “escândalos das armas de Israel” que a imprensa noticiou, nunca mais...
· Não, não, nunca gostei do Maluf e jamais fui adepto da filosofia “Rouba, mas faz”. É, agora ele é amigo dos camelôs, ontem ele acusava as prefeituras rivais de criar um “Grande Mercado Persa”. Já o vi em duas palestras na USP... Ele olhou diretamente para mim... A sinceridade do seu discurso era fantástica, um ano pró Paulipetro, noutro, “A Paulipetro foi um pequeno erro, mas quem não comete erros...”
· Já fui lesado pelo governo federal com seus impostos compulsório sobre combustíveis, e o Collor em desespero de perder o cargo me jurou que ia devolver...
· Escrevi artigos criticando a CEF, fui até chamado por ela para me explicar, por que eu me indignei no lançamento da SEFIP? Ora, ela previa multas antes mesmo do sistema funcionar... E multas abusivas!
· Critiquei e sofri muitas medidas impopulares criadas por políticos que nunca trabalharam, eles pediam coisas impossíveis de cumprir; briguei com o Super Simples por representar meramente aumento de impostos; fui e continuo sendo contra a forma que inventaram a Nota Fiscal Paulista, etc. Não, fora o caso da SEFIP nunca tive outras respostas...
· Esta bem, reconheço, sempre estudei à custa do governo, em escolas municipais, estaduais e fiz USP duas vezes... Só tive que passar no vestibular...
· Já paguei imposto em duplicidade para prefeitura e não consegui receber de volta; há, sei, incompetência minha...
· Já fui multado e paguei uma multa por estacionar o carro em guia rebaixada, apesar de negar o fato, sem dúvida eu sou um mentiroso...
· Fiquei indignado com o discurso demagogo do senador Pedro Simon a respeito do pobre menino Hélio no Rio... Quis debater, mas ele nunca me respondeu, típico dos políticos... Prestar contas para quê?
· Já critiquei muito a ditadura, mas, ao conhecer o resultado dos heróis da esquerda que assumiram o poder... Senti nojo... Cheguei a conclusão que os torturadores da ditadura e os assassinos da esquerda, nada mais eram, que criminosos problemáticos, transformando uma idéia política numa desculpa para matar, torturar... E neste confronto, jornalistas pacifistas como o Herzog de um lado, ou civis de direita inocentes de outro, foram perdendo sua dignidade, sua vida, seus sonhos... As revoluções armadas são assim... prisões, torturas, escravidão...
· E assim por diante... Tentei ser cidadão... Democrático, livre, pacifista...
Neste momento, vendo minha “mea culpa”, muita gente deve achar que eu merecia mesmo o tiro...
Voltando a cena, como não agüentava mais falar, meu filho de 10 anos explicava em detalhes, mais uma vez, que não era um trote, onde é nossa casa, que o pai estava ferido...
A polícia chegou primeiro, tive forças de gritar bem alto... ”só tem criança aqui em casa, eu fui baleado, não tem bandido aqui não” (Já imaginou se as crianças abrem a porta e o pessoal nervoso sai atirando?). Filho liga a luz lá fora... Puxa a porta bem devagar pro policial me ver, olha, só tem duas crianças, posso mandar uma levar a chave? Fica calmo... A criança vai sair, você esta me vendo... Eles entram, e perguntam o que aconteceu, se eu vi quem era... Quando digo que o responsável foi o José Serra eles me olham estranho, iniciamos um diálogo, para ficar consciente eu pergunto como vai a vida de policial, se na delegacia tem equipamento adequado, se vale a pena, como esta o roubo de veículos na zona leste; então, eles percebem que eu estava consciente demais e entendem por que realmente foi o senhor José Serra o culpado, e riam do governador... Faziam piadas, tudo para me manter consciente.
Ops !!! Estou “fulanizando” a situação; com que direito eu falo mal de outro político, onde já se viu? Mas era divertido e os policiais riam... E piadas e comentários que nem posso reproduzir, de carinho e apoio ao governo Estadual, foram proferidas até a chegada do resgate...
O resgate chegou, e as piadas sobre a situação em que vivemos se tornou mais engraçada, ninguém contestou... Nenhum policial, médico, paramédico, motorista, enfermeiro falou em momento nenhum... Você esta delirando... Eu tenho orgulho do governador! Aliás, eu só vejo isto em propaganda eleitoral... o povo rindo dizendo... Fulano mudou minha vida! Obrigado fulano! Deus lhe pague fulano...
Pelo menos podemos dar risada do caos em que vivemos... Temos o direito constitucional de ter opinião e manifestá-la, desde que assinemos por isso, eu tenho o direito de morrer rindo do trabalho do senhor governador... E sentir vergonha dele e dos políticos que nos cercam no nosso Brasil varonil...
Política de Segurança Pública do Estado de São Paulo
Bem, talvez um dia eu seja contestado com números e estatísticas que mostrarão como a segurança em São Paulo é invejada no mundo inteiro, mas dizem por aí as seguintes mentiras, veiculadas na imprensa marrom e espalhadas na internet:
· Que há muito tempo a polícia vem sendo “roubada” na compra de combustíveis, ora, se as pessoas não têm medo de roubar a polícia...
· Em São Paulo 95% dos boletins de ocorrência não são investigados (Procurem no Google – esta mentira deslavada). Será que o assalto de 2005 é prova disto?
· Denúncias de adulteração de boletins de ocorrência, o que diminui a quantidade de seqüestro relâmpago em São Paulo.
· Etc...
É importante que ninguém acredite no que está escrito aqui, os políticos sempre falarão o dito pelo não dito, entrem no Google e pesquisem cada tema na internet... Vocês vão encontrar muito mais coisa do que esta aqui, olhem o bairro em que vocês vivem, concluam com suas próprias palavras...

Conselho Único, Utópico: Não reeleger ninguém...
Se eu pudesse dar um conselho único a respeito dos políticos, seria só um, não reeleja ninguém, o maior absurdo do mundo são as pessoas que vivem a vida à custa da política, Não reelejam ninguém para um mesmo cargo, não vale à pena ter um vereador profissional, um deputado profissional, um prefeito profissional, etc. Ainda que entrem figuras piores na política, estaremos pelo menos distribuindo renda, e não sustentando as mesmas figuras de sempre, ano após ano; com interesses e ganância cada vez mais ferozes, mais práticos na arte da esperteza. É um sonho utópico, imagine um político sendo obrigado a trabalhar, que bem faria para sua vida, para sua evolução como ser humano... O mundo do futuro será assim... Ninguém vai poder viver a vida sendo político, terá no mínimo de trabalhar sem ter o poder nas mãos, durante uma parte da vida... E depois de experimentar o poder, voltará a trabalhar, para sentir as conseqüências de seus atos no dia a dia.
A Morte, a grande justiça
Mas não se preocupem, todos iremos morrer, se você tiver fé em Deus verá, qualquer que seja sua religião ou mesmo se você for ateu, que no final de tudo, a morte é a coisa mais justa do mundo, pois, ou tudo termina ou todos nós teremos de prestar conta de nossos atos, por ação como os evidentes corruptos ou por omissão, dos políticos que não tem coragem nem de combater os interesses mesquinhos dos poderosos, ficando escondidos e quietos em suas cadeiras...
E você também, caro leitor, assim como eu, somos responsáveis por permitirmos tanta coisa errada sem nem reclamar ou se indignar, por corromper e se deixa corromper, por perder a sensibilidade e achar normal que um menino de seis anos de idade fosse arrastado até a morte, que uma menina de 17 anos morresse durante o trabalho de parto, sem atendimento, após passar por quatro hospitais, é, pode acontecer com qualquer um; por achar bacana saber que uma menina menor de idade ficou presa com vários homens de alta periculosidade numa cela durante meses, por reconhecer que tudo “terminar em pizza” no judiciário, no legislativo, no executivo é inevitável, por ter preguiça de escrever ao seu candidato mostrando como realmente a sua vida é afetada com seus atos, por votar por votar, por se esquecer do meio ambiente, por deixar de se educar, por achar que o seqüestro relâmpago é uma questão de sorte e por reconhece que o poder público não pode fazer nada por você... E nem você por ele.

Conclusão
Ah... Sim... Não morri, não fiquei paraplégico, já estou trabalhando, não entrei na previdência, talvez volte a andar normal em outubro, quem sabe em dezembro em consiga voltar a jogar futebol... Afinal, o Brasil precisa de grandes goleiros humildes como eu (No futebol, auto estima é tudo !!!) com vontade de defender este país... E eu continuarei a fazer o meu melhor... Cuidando da minha família e dos meus filhos, pois sei que vou responder por tudo isso no fim de meus dias... Não garanto que estou vivo no momento em que você lê isto, afinal, o país ainda é o mesmo, e viver é uma questão de sorte...
Obrigado a todos que conseguiram ler isto, mais ainda a quem respondeu, concordando ou discordando; minha profunda admiração por alguém que puder acrescentar suas impressões pessoais sobre o nosso país e tenham a coragem de se indignar, formando uma grande corrente virtual que, um dia, consiga melhorar o nível da nossa classe política.